quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ALCEU VALENÇA

Quando eu canto o seu coração se abala, pois eu sou porta-voz da incoerência. Desprezando o seu gesto de clemência eu sei que o meu pensamento lhe atrapalha. Cego, sou seu cavalo de batalha e faço a lua brilhar no meio dia. Tempestade eu transformo em calmaria e dou um beijo no fio da navalha pra dançar e cair nas suas malhas, gargalhando e sorrindo de agonia.

Se acaso eu chorar não se espante: o meu riso e o meu choro não tem planos. Eu canto a dor do amor, dos desenganos, e a tristeza infinita dos amantes. Dom Quixote liberto de Cervantes, descobri que os moinhos são reais... Entre feras, corujas e chacais, tiro pedra do meio do caminho, viro rosa - vereda de espinhos...

Incendeia esses tempos glaciais!

Eu sou como o vento que varre a cidade, vc me conhece, não pode me ver. Presente de grego, cavalo de tróia, sou cobra jibóia, saci-pererê. Um anjo caolho endemoniado, que vai ao cinema, comete pecado, que bebe cerveja e cospe no chão. Um anjo caolho endemoniado sonhou no presente, dormiu no passado, olhou pro futuro e me disse que não... NÃO!

(Alceu Valença já não acredita na força do vento que sopra e não uiva, na água da chuva que cai e não molha, já perdeu o medo de escorregar)

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