sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Minha versão da história


Em 1985, quando Tancredo foi eleito presidente do Brasil, estava jogada a última pá de cal na ditadura militar que existia no Brasil desde que eu nascí (Na verdade, começou um ano depois). Eu não sabia o que era viver num regime de direito, só sabia que o governo podia escolher o que eu ia ler, ouvir, até mesmo pensar. Pelo menos tecnicamente, claro.

No dia seguinte à eleição do Tancredo, publiquei uma charge alusiva a isto no meu quadrilátero no canto superior direito da página de opinião do Diário do Rio Doce, em Governador Valadares. Eu era o chargista do jornal. Peguei esta charge e mais 80 das que tinham sido publicadas ali desde o início da campanha das Diretas Já, que gerou este desfecho, mais alguns textos de humor que publicava no jornal A Semana, em Caratinga, e transformei tudo em um livro.

Intitulado "Uai... alguma coisa está errada", ele foi lançado em fevereiro de 85 - dois meses antes de Tancredo morrer. E um mês depois de sua eleição!

Como eu consegui fazer isto? Bem, eu já tinha planejado o livro desde o fim do ano anterior, tinha conseguido patrocinios, tinha feito uma festa com o "Som Temporal" cuja renda era destinada a financiar o livro, tinha dado a entrada $$$$ na gráfica e ja estava selecionando os desenhos que iam entrar. Quando publiquei a charge final, em 16 de janeiro, o livro ja tava praticamente pronto pra entrar no prelo. Só finalizei e mandei. Assim que ficou pronto, fiz o lançamento com uma big festa no Esporte Clube Caratinga. Juarez fez um monólogo teatral, Borracha apresentou capoeira com seu grupo, Cabeto, Jacqueline e Luis Claudio tocaram rocknroll (era o embrião da banda "Eclipse"), o Som Temporal fez a música ambiente (salve Rodrigo!) e rolou vinho da melhor qualidade, da Adega Cogumelo Amarelo, partocinado pelo jornal A Semana, que na época era do Claudio e do Lysias Leitão.

Depois da festa ainda fomos pra Adega, só a diretoria, pra curtir o resto da noite...

É esse livro que vai sair de novo agora, quando se comemoram 25 anos do fim da ditadura (ta bom, já são 26, fazer o que, custei a conseguir fechar os patrocinios!) e o centenário de Tancredo. Ele será lançado em breve, em São João Del Rei, BH e Caratinga (por enquanto). São João porque é a terra do Tancredo. O convite foi feito pelo Jairo Faria, da UFSJ, que quer incluir o lançamento na programação do Inverno Cultural. Em BH deve ser no Palácio das Artes, com apoio da livraria Usina das Letras, e em Caratinga a gente vai ver ainda, porque quem me conhece sabe que, aqui, eu gosto de fazer é uma festa de arromba.

Esta edição está revista e ampliada: eu colori todos os desenhos à mão (aquarela, lapis aquarelado e nankim), desta vez será só um desenho por página (da outra foram quatro), será todo em couché fosco pra valorizar os desenhos. Terão vários textos contextualizando os fatos. Enfim, luxo puro.

Tudo isto foi possível pelo apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Meus patrocinadores são a Viação Riodoce - é incrível, eles SEMPRE me patrocinam desde sempre!!!, o Supermercado do Irmão e o Café Riopreto. Ainda no quesito patrocínio, tive apoio do Daniel Fernandes, da revista Itaúna, na captação. Sem eles, nada disso seria possível.

Esse texto já tá muito grande, então aguardem mais detalhes. O livro já táquase pronto pra entrar no prelo. Depois a gente fala sobre datas.

EM TEMPO: Voltando a 1985, depois que fiz a última charge da vitória de Tancredo e do fim da ditadura, fui comemorar junto à nação roqueira no primeiro Rock in Rio, junto com meu brother Alexandre Camaleão Desbundado Daladier Cogumelo Pereira, vulgo Bípede Penoso Contemporâneo, ou seja, Galo Nooooovo. Cara, foi moooooito bom. Mas isso é outra história!

2 comentários:

BLOG DO ALICIO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
BLOG DO ALICIO disse...

Camilo, muito legal quando for o lançamento em São João, mande um recado que vou lá buscar um.
Um abraço
Alicim